Discurso na Sessão Solene Semana Farroupilha
Existem os que dizem que com o passar dos anos temos deixado as tradições de lado, que as comemorações da Semana Farroupilha não tem o mesmo sabor dos tempos de infância. Não acredito que seja assim. Quando chega o mês de setembro é inevitável não ser contagiado pelo vermelho, verde e amarelo. Inevitavelmente iniciam-se os preparativos para as comemorações do dia 20, data em que se comemora o dia em que os Farrapos, em 1835, iniciaram sua revolta contra o governo Imperial do Brasil, então sediado no Rio de Janeiro.
O fato é que são poucos os estados brasileiros que celebram suas datas cívicas com tamanha mobilização e paixão. Em todos os cantos do Rio Grande são organizadas as celebrações que relembram a mais longa das rebeliões brasileiras. Os farroupilhas, que negociaram uma paz honrosa e tiveram as suas reivindicações atendidas. Comemoração com unanimidade regional, a Semana Farroupilha, congrega a todos os cidadãos, gaúchos de todas as regiões e classes sociais, até os que hoje vivem em outros lugares do Brasil e, porque não, do mundo.
Almoços, jantares, bailes, shows, conferências, acampamentos, desfiles, palestras, relembram 174 anos de uma história que continua viva em nossos corações. História de pessoas que se mantiveram firmes na busca de construir um Rio Grande do Sul mais digno e mais justo.
As comemorações estão presentes em todos os cantos do Estado. As celebrações da Semana Farroupilha em Piratini, por exemplo, constituem uma verdadeira aula a céu aberto da história do Rio Grande do Sul. A lei 12. 919 de minha autoria, declara integrante do patrimônio cultural do Estado a Semana Farroupilha de Piratini.
Isso porque, logo após a proclamação da República Rio-Grandense, em 1836, os farroupilhas escolheram Piratini para sua capital. Foi nesta cidade que se estruturou a organização do “Estado livre e independente com o nome de República Rio-Grandense”. Ao aderir à República, a Câmara de Piratini promoveu a eleição do presidente, Bento Gonçalves da Silva, que se encontrava prisioneiro do Império, primeiro no Rio de Janeiro e depois na Bahia. Para substituí-lo, enquanto durasse sua ausência, foi eleito José Gomes de Vasconcellos Jardim, a quem coube liderar as repartições e secretarias dos negócios do novo Estado. Encontram-se em Piratini os prédios onde funcionaram a presidência da República, o Ministério da Guerra e os demais ministérios da República recém-proclamada.
Desde meados do século passado, o município de Piratini celebra anualmente estes magnos acontecimentos da história gaúcha, com ênfase na tradição, na formação social e política do Rio Grande do Sul. Mais recentemente, a Semana Farroupilha de Piratini passou a ter um caráter antológico, de preciosa significação para a história, a cultura e as artes em nosso Estado, cuja celebração já constitui de fato um patrimônio cultural dos gaúchos.
A história da semana farroupilha ficou tão enlaçada em nossa cultura que hoje faz parte da definição do que é ser gaúcho. Basta observar o que ficou desta cultura em nossos símbolos, na bandeira e no hino que nós cantamos com tanta emoção.
A lei 12.748, de minha autoria, declara integrante do patrimônio histórico e cultural do Rio Grande do Sul o Movimento Tradicionalista Gaúcho. Não poderia deixar de citar neste discurso aquele que é considerado por vários autores o maior movimento cultural de nosso Estado.
Enquanto a maioria dos Estados brasileiros possui uma história muito semelhante entre si, dadas as condições de ocupação do território, o Rio Grande do Sul tem um passado diferenciado. A maneira como foi conquistado o solo brasileiro, no extremo sul do país, determinou modos de vida e valores singulares, em grande parte diversos daqueles cultivados em outras regiões. O solo gaúcho não foi outorgado gratuitamente, mas sim através da luta, aí é que está a raiz da consciência tradicionalista. O tradicionalismo tem hoje uma expressão forte, visível não apenas na vitalidade dos Centros de Tradição Gaucha, na música nativista, no churrasco, no mate. Mas sim no modo de ser do gaúcho, na fibra, na coragem, na determinação de nosso povo.
Enfim, devemos continuar comemorando sim, relembrando os farrapos que marcaram profundamente a nossa história. Lutaram por 10 anos e não foram poucos os que acabaram perecendo na defesa de um Estado livre e independente. Nos deixam viva ainda hoje a necessidade de lutar por liberdade, participação e, principalmente, responsabilidade política.
Deputado Estadual Adilson Troca
Caro amigo Tucano!
ResponderExcluirAcima de tudo somos brasileiros, passamos uma semana da Pátria,essa sim sem "sabor" e sem comemorações, não quero culpar ninguém.
Admiro a garra e a fibra do gaúcho, que cultiva suas tradições cada vez com mais bravura,principalmente no meu município.
Presidente da Câmara Municipal de Galvão.
Altuis Cesar Rebelatto