Representante da Brasil Foods garante que fábricas não serão fechadas no RS

Matéria de Marinella Peruzzo para a Assembleia Legislativa
Em audiência pública na manhã desta quarta-feira (28), a Comissão de Economia e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa reuniu trabalhadores, autoridades municipais e estaduais e representantes da Brasil Foods, empresa que resultou da fusão da Sadia e da Perdigão, para discutir os temores de demissões e fechamentos de unidades no Estado. A audiência, proposta pelo deputado Alexandre Lindenmeyer (PT), foi conduzida pelo presidente da comissão, deputado Adilson Troca (PSDB). Também participaram do debate os deputados Luis Fernando Schmidt (PT), Jeferson Fernandes (PT), Zilá Breitenbach (PSDB), Lucas Redecker (PSDB), Aloísio Classmann (PTB) e José Sperotto (PTB).


Conforme o vice-presidente para Assuntos Corporativos da Brasil Foods, Wilson de Melo Neto, dez fábricas serão vendidas, mas não porque a empresa o queira, e sim em cumprimento ao acordo firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para assegurar a concorrência no mercado. “Não é fácil para a empresa desfazer-se de ativos, ela não está acostumada a isso, e o está fazendo só porque foi a única forma de viabilizar a fusão”, afirmou. Segundo ele, a empresa possui 120 mil funcionários, 60 fábricas no país e pretende dobrar de tamanho. No Rio Grande do Sul, é responsável pela geração de 15 mil empregos diretos, o que a torna o maior empregador direto do Estado, e há 1.084 vagas em aberto.

Temores
Durante a audiência, sindicalistas e funcionários das empresas manifestaram o temor de demissões e criticaram a atitude de empresas que recebem incentivos do governo sem assumir compromissos sociais. Relataram experiências negativas para os trabalhadores, como a fusão da Brahma e da Antarctica (Ambev). Em relação ao caso, o representante da Brasil Foods disse que justamente pela experiência do passado, houve um cuidado muito grande para que os problemas não se repetissem. “É o que chamamos de herança maldita da Ambev”, disse ele. “O Cade foi muito mais rigoroso (agora)”, disse.

Em relação a financiamentos, afirmou que não houve “um centavo de financiamento público” para viabilizar a fusão. “Houve uma chamada de capital pela qual todas as pessoas tiveram a possibilidade de investir, e o BNDES participou disso”, afirmou. "As ações, vendidas a R$ 29 na época, estão hoje em R$ 31, com duas crises no caminho”, declarou.

Garantias
Respondendo à preocupação de que pudesse não haver comprador para alguma fábrica dos municípios gaúchos, ele descartou essa possibilidade. Disse que a empresa que adquirir o “pacote” se tornará a segunda maior no ramo de alimentos no país e que já há várias interessadas. Além disso, explicou, segundo o acordo firmado com o Cade, essa empresa deverá dar garantias de que possui condições não só de efetuar a compra como também de realizar investimentos.

Manifestações
Pronunciaram-se durante os trabalhos o presidente da Câmara Municipal e prefeito em exercício de Três Passos, Tarcísio Kuhn, e o prefeito de Bom Retiro do Sul, Celso Pazuch, que falaram da importância das fábricas nos seus municípios, o secretário da Agricultura de Três Passos, Ari Freling, o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do RS, Cairo Fernando Reinhardt, o sindicalista Pedro Mallmann, de Estrela, o presidente da CUT-RS, Celso Woyciechowski, entre outros.
O representante da Secretaria Estadual da Fazenda, João Carlos Loebens, explicou os critérios de distribuição de recursos do ICMS e colocou-se à disposição para mais esclarecimentos.

Mais proteção
Pelo acordo estabelecido entre o Cade e a Brasil Foods, os trabalhadores não poderão ser demitidos nos seis meses posteriores à venda das fábricas. O deputado Luis Fernando Schmidt (PT) sugeriu a formação de um grupo de parlamentares, prefeitos e representantes dos trabalhadores e da empresa para prosseguir nas discussões e buscar um período maior de estabilidade para os trabalhadores.

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