Remuneração do trabalho extraclasse de professores do ensino privado gera debate

A Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, realizou, na manhã desta terça-feira (29), audiência pública para discutir o trabalho extraclasse desenvolvido pelos professores do ensino privado do Rio Grande do Sul. A reunião foi um pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) que, a partir da demanda, quer trazer o Parlamento gaúcho para as tratativas desta antiga demanda do sindicato e que, segundo a entidade, nunca foi admitida pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Privado (Sinepe/RS), que representa as empresas de ensino privado. O encontro foi presidido pelo deputado Adilson Troca (PSDB).


Debate
O argumento dos professores se baseia no fato de eles exercerem trabalho não remunerado fora do expediente, uma vez que exercem diversas funções em casa, como preparação de conteúdos, correção de trabalhos e provas, o que piorou com as novas tecnologias da informação. Cassio Bessa, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), apresentou um panorama da saúde dos professores no ensino privado, que trabalham com dores, têm problemas sérios de depressão e não têm direito aos horários de folga e de diversão, uma vez que sempre têm alguma tarefa escolar a ser cumprida. “Realizamos muitos trabalhos que não estão descritos em nosso contrato de trabalho. Com as novas tecnologias sempre há um e-mail da escola ou de alunos para responder, as tarefas, por serem feitas on-line, ocupam espaço precioso que o professor deveria estar com seus familiares. Trabalhar nas madrugadas e nos finais de semana não é uma exceção, mas uma realidade”, afirmou Bessa.

 A tese é reforçada pelo presidente do Sinpro/RS, Marcos Fuhr, que diz que essa é uma demanda de mais de 30 anos do sindicato e que, atualmente, com a nova legislação para os professores públicos, que terão cerca de um terço de seu tempo para realização de atividades extraclasse, a demanda ganhou força. “Estamos buscando uma mediação dos parlamentares, pois o Sinepe não admite nossa demanda como válida e considera este trabalho cada vez maior como algo inerente à nossa atividade profissional. Fizemos este protesto de um dia de greve no domingo para chamar a atenção da sociedade”, registrou Fuhr.

 O pedido é contestado pelos representantes das unidades de ensino, como é o caso do presidente do Sinepe/RS, Osvino Toiller, que se espantou com o fato do assunto sair da pauta de negociação entre os sindicatos e ser trazido para a Assembleia Legislativa. Para Toiller o pedido é injusto, pois os professores privados já ganham um piso salarial maior que os professores do setor público. “Não concordo com tudo que foi dito aqui, e temos ações judiciais neste sentido que foram todos julgados em nosso favor. A adição destes 33% pedidos pelo sindicato dos docentes inviabilizaria muitas escolas, pois o custo teria que ser repassado para aqueles que pagam pelo serviço”.
 
Outra representante do Sinepe/RS, Mônica de Carvalho, alertou para o que, segundo ela, são vantagens que os funcionários das escolas já têm, como descontos para cursar universidades para eles e seus dependentes, planos de saúde e pagamentos extras por atividades como passeios com alunos, orientações de trabalhos de conclusão (no caso universitário), entre outros. “O piso dos professores do ensino privado é 100% superior do que os que os professores de escolas públicas irão receber. Admitimos a importância do pleito dos professores, pois as instituições sempre quiseram valorizar o trabalho, mas temos uma realidade. E a classe média, nosso principal público, não poderá arcar com esse aumento da folha de pagamento, que com certeza será repassado para as mensalidades”, alertou Mônica.
Matéria de Euclides Bitelo para a Agência de Notícias da AL

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