Empresa de mineração apresenta empreendimento a ser instalado em São José do Norte


Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa gaúcha, presidida pelo deputado Adilson Troca (PSDB), acompanhou durante o período dos Assuntos Gerais da reunião ordinária desta quarta-feira (13) a apresentação feita pelo presidente da empresa Rio Grande Mineração (RGM), Luiz Augusto Bizzi, sobre o Projeto Retiro, a ser instalado em São José do Norte. O empreendimento fará a extração de minérios de zircônio e titânio. O objetivo é substituir as atuais importações de zirconita e rutilo, e tornar o Brasil um exportador de ilmenita. Ilmenita e rutilo são minerais de titânio, usados para a produção de pigmentos e de ligas especiais para área médica. 
A zirconita, também conhecida como zircão, é usada na indústria de cerâmicas e refratários e como aditivo em aços especiais. 
O deputado Adilson Troca lembrou que São José do Norte está em destaque pelas oportunidades de desenvolvimento que está gerando. O parlamentar lembrou ainda que a cidade é tema de exposição na Galeria dos Municípios da Assembleia Legislativa. 
O empreendimento está em fase de estudos técnicos e licenciamento ambiental. De acordo com Luiz Bizzi, a expectativa é que a licença de operações seja concedida em setembro de 2017, e o início das operações se dê em novembro do mesmo ano. A área de lavra compreende 3 mil hectares, que deverão ser explorados em sistema itinerante por um período de 20 a 30 anos. A empresa prevê um investimento de R$ 800 milhões. Durante a construção da planta e demais instalações necessárias, a previsão é de gerar 1.500 empregos. Para a operação, serão 350 empregos diretos. “Vamos privilegiar a contratação de mão-de-obra local”, adiantou o presidente da empresa.
 Processo de produção e operação
“O processo de produção foi pensado para gerar o menor impacto ambiental possível, usando em sua maior parte processos mecânicos e não químicos”, explicou Bizzi. A separação dos minérios da areia se dará por gravidade, de acordo com o peso, e a classificação dos minérios por sistema eletrostático (imã) - e não químicos. A única parte que envolve químicos, segundo ele, se dá na etapa de secagem do minério. “Mas o processo utilizado é o mesmo já utilizado na secagem da soja”, observou. Bizzi assegurou que não haverá produção de pigmentos no local. “O custo financeiro/energético de instalação desse tipo de produção no Brasil não é viável”. Ele lembrou que na década de 90 houve grande mobilização contra empreendimento então operado pela Paranapanema (que foi comprado pela RGM), que previa a instalação de uma planta de produção de pigmentos, cujo impacto ambiental foi questionado.
 Bizzi explicou que no sistema de lavra itinerante, lagos artificiais vão sendo construídos a cada trecho em exploração. Dragas móveis bombeiam 5% da areia para a planta de processamento. Os restantes 95% devem ser devolvidos de imediato e reconfigurados de acordo com a topografia original. Em seguida, a vegetação nativa deve ser replantada sobre os cômoros. 
Todo o processo deve demorar 18 meses, quando a área poderá ser devolvida ao uso anterior. “Temos acordos com as universidades de Pelotas e Rio Grande, que nos ajudaram na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima). Com a Universidade de Pelotas temos um acordo para alocar recursos para instalação de um centro de desenvolvimento e pesquisa das culturas de cebola e pinus, que predominam na região”. Bizzi informou ainda que houve preocupação com a hidrogeologia do local e que o processo não deve afetar a salinidade da água. A planta de processamento dos minérios deve ficar instalada a 12 km da cidade. 
O processo de lavra deve iniciar pelo sul e avançar para o norte, retornando depois para o sul, ao longo dos 20 a 30 anos previstos. A empresa também tem operações no Uruguai, que poderão funcionar de forma integrada, com o minério sendo trazido de balsa até São José do Norte. A exportação da ilmenita deverá ser feita de navio, e a produção de zirconita deve seguir de caminhão para abastecer a indústria cerâmica de Santa Catarina. 
Bizzi informou que a RGM irá propor arrendamento a todos os proprietários atingidos pela operação. “Nosso interesse não é investir em imóveis, mas sim em mineração”, declarou. Ele explicou que o agricultor (superficiário) ou morador que tiver sua área afetada pela lavra tem direito a receber royalties de acordo com o tempo de operação e valor do minério obtido na propriedade.

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