Concessionárias explicam dificuldades para religamento da energia depois dos temporais


A demora das concessionárias no religamento da energia elétrica depois dos severos temporais registrados no Estado, em especial no mês de outubro, foi debatida hoje (18) em audiência pública da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, presidida pelo deputado Adilson Troca (PSDB). A proposição do deputado João Fischer (PP) reuniu os dirigentes das três concessionárias que distribuem energia no Estado, RGE, AES Sul e CEEE, e vereadores de diversos municípios da Região Metropolitana e Vale dos Sinos, onde houve registro da interrupção do serviço por até três semanas.
 
Os três dirigentes das concessionárias – Antônio Carlos de Oliveira, da AES Sul, Roberto Sartori, da RGE, e Paulo de Tarso Pinheiro Machado, do grupo CEEE – mostraram os planos de investimento que vêm realizando em suas áreas de abrangência, as melhorias projetadas nas linhas de transmissão, subestações e ampliação da rede. Atribuíram à severidade do fenômeno El Niño os danos provocados na distribuição de energia, o que se estendeu também a outros setores, provocando os decretos de situação de emergência em dezenas de municípios.
 
A AES Sul reconhece que os temporais estão “machucando” e lamentou os episódios, que atingiram a totalidade dos 118 municípios controlados pela concessionária, com 500 mil clientes. Dos 490 mil atingidos pelos temporais e que ficaram sem energia, 334 mil tiveram o religamento em 24 horas. Para 470 mil clientes, demorou 96 horas o retorno da energia, disse o presidente da AES Sul, Antônio Oliveira.
 
Tanto Roberto Sartori, presidente da RGE, quanto Paulo de Tarso Pinheiro Machado, da CEEE, apresentaram os procedimentos adotados durante os dias críticos gerados pelas tempestades. A RGE abrange a Região Metropolitana, Missões e Noroeste e conseguiu recuperar a energia para 83% dos seus clientes em apenas um dia. A CEEE enfrentou a severidade da situação na capital, onde até a rede subterrânea sofreu impacto, e nas ilhas do Guaíba. Um comitê de crise gerenciou a situação, contou o diretor de Distribuição, Júlio Elói Hofer, enfrentando as consequências da queda de 600 árvores sobre postes que romperam cabos de distribuição de energia, impactando quatro subestações, 16 linhas de transmissão, 293 alimentadores e a queda de 438 postes. Nas primeiras 24 horas, 93% dos 390 mil clientes da CEEE recuperaram a energia.
 
Escuridão e protestos
O drama dos clientes das concessionárias, em especial da AES Sul, que responde pela distribuição de energia na Região Metropolitana, resultou em protestos na BR-116, em Esteio, na BR-290, na saída de Porto Alegre, na RS-240, no bairro Scharlau, em São Leopoldo, na ligação entre Lindolfo Collor e Portão, e no bloqueio de ruas e avenidas em Canoas. De cinco a 35 dias sem luz elétrica, os clientes apontam para o descaso no contato com os call centers ou 0800, canais de acesso disponibilizado pelas concessionárias para o aviso da queda de energia, identificam negligência no uso de talas de madeira para segurar os velhos postes em vez de trocá-los por postes de concreto, e pedem ações de parcerias com o poder público para a poda de árvores, responsáveis pela queda dos postes na maioria dos municípios. As reclamações das comunidades vieram dos vereadores de Taquara, Sapiranga, São Leopoldo, São Jerônimo e Novo Hamburgo, que também destacaram o descaso das equipes de manutenção em deixar ao longo das vias públicas os fios da telefonia. Munidos de fotografias, mostrando a devastação provocada pelos temporais, cobraram eficiência na religação da energia elétrica.
 
Ao final, o deputado João Fischer anunciou a formação de um grupo de trabalho para a criação de um mecanismo legal capaz de atuar nesses momentos de crise, buscando atender às demandas da população. Também os deputados Jorge Pozzobom (PSDB), Marcel van Hattem (PP), Tiago Simon (PMDB) e Gilmar Sossella (PDT), fizeram intervenções no sentido de as concessionários melhorarem o serviço prestado. Da audiência participaram ainda o MP, Procon, Agergs, Famurs, e Corede Metropolitano.
 
Reunião ordinária
Dos 13 requerimentos na Ordem do Dia, dez foram aprovados. Dois tratavam da relatoria aos Projetos de Lei 43/2015 e 267/2015, respectivamente relatados pelos deputados Any Ortiz (PPS) e Eduardo Loureiro (PDT). Os outros oito requerimentos solicitavam realização de audiência pública, seis dos quais de autoria do deputado Nelsinho Metalúrgico (PT) para debater os impactos e a importância do Piso Regional para o desenvolvimento econômico e social do Estado, com reuniões previstas em Caxias do Sul, Novo Hamburgo, Pelotas, Santa Maria, Passo Fundo e Santa Cruz do Sul. Outra audiência aprovada vai debater em Rio Grande a situação dos pescadores e agricultores da Região Sul, tendo em vista os últimos transtornos provocados pelas enchentes, proposição do deputado Adilson Troca (PSDB). A importância do licenciamento ambiental para o desenvolvimento sustentável do Estado, proposta do deputado Tiago Simon (PMDB), a última audiência aprovada, será realizada na Assembleia Legislativa.

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