Audiência pública discute prejuízos e problemas causados pelo comércio ilegal no RS
Com o propósito de discutir o comércio ilegal de
mercadorias contrabandeadas e as medidas que possam contribuir no combate a
esta prática, a Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo,
presidida pelo deputado Adílson Troca (PSDB) realizou, na tarde desta segunda-feira
(13), audiência pública no Plenarinho da Assembleia Legislativa. A proposição
para realização da reunião partiu do deputado Frederico Antunes (PP).
O principal encaminhamento, ao final de mais de quatro horas
de debates, definiu reunião, nesta terça-feira (14), às 11h, entre as
representações das entidades presentes ao encontro com o secretário da
Segurança do RS, Cezar Schirmer, na sala da Secretaria de Planejamento,
Governança e Gestão, no 21º andar do Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF).
O secretário Carlos Búrigo é o titular da pasta. A agenda foi construída por
integrantes da Segurança Pública, participantes da audiência, com o secretário
Schirmer, a pedido do deputado Frederico Antunes.
Entidades alertam para conflitos
Durante as manifestações da tarde, representantes das entidades alertaram para
possíveis conflitos entre ambulante e o comércio legal, caso não sejam
encontradas medidas resolutivas.
Inicialmente, o representante da Federação do Comércio
de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), André
Roncatto, expôs números sobre o tema. Informou que a entidade, desde 2011,
diante da situação, criou um grupo de combate à informalidade. “Em 2016, o Brasil
perdeu cerca de R$ 900 bilhões com o comércio ilegal, ou aproximados 16% do
PIB. No RS, a perda chega a R$ 57 bilhões e, na Capital a R$ 10 bilhões”,
ilustrou.
“Diante deste caos, não poderíamos apenas ser expectadores,
uma vez que os produtos ilegais afetam todos os segmentos da economia
envolvidos. Os prejuízos são tanto do comércio como da indústria, além disso,
comprometem a arrecadação tributária, colocam em risco a economia nacional e, o
pior, trazem sérios prejuízos à saúda da população”, alertou.
Citou, ainda, que o comércio ótico ilegal já
representa 42% do mercado de Porto Alegre; nos fármacos, 10%; na área
calçadista, 30% e, nos cigarros, 50%. Contou a formação de grupos para atuarem
no interior, em mais de 30 cidades, num trabalho de apoio e parceria
principalmente ao comércio para tentar estancar o processo. “Criamos,
inclusive, duas cartilhas, a da Informalidade, com distribuição aos associados,
e a Infantil, com distribuição na rede escolar”, sublinhou.
Sebastião Ventura, da Federasul, observou que a
situação evoluiu para negócios bilionários, “supondo-se que há muito mais
prejuízos, tendo em vista o descontrole da fiscalização sobre o mercado negro
efetivo”. Para ele, apesar do trabalho das autoridades da segurança pública, há
falhas na fiscalização de fronteiras. Este é um problema que impacta toda a
sociedade. No caso do RS, com extremas dificuldades nas finanças, os prejuízos
com arrecadação de ICMS são enormes. Observou, ainda, a legislação desfocada da
realidade. “Precisamos caminhar na busca da simplificação das leis, uma vez
que, se complicadas e burocráticas demais, deixam de ser cumpridas”, apontou.
Jorge Lopes, vice-presidente da FCDL (Federação das Câmaras
de Dirigentes Lojistas) foi incisivo: “o tema (da economia informal) sangra as
finanças e debilita as empresas que, no RS, fecham a cada dia mais portas e,
claro, vagas de trabalho”. Para ele, é necessário um processo educativo firme e
resolutivo de conscientização à coletividade acerca dos malefícios gerados
pelos produtos de descaminhos. Os órgãos de fiscalização falam em falta de
estrutura e de pessoal; de outra parte, a legislação é ineficaz. É essencial,
sim, que sejam revistas as penas aos que atuam no comércio ilegal. Ou isso, ou
os números apontados só tenderão a crescer”, advertiu.
Prejuízos ao Estado
Vilson Noer, presidente da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo,
observou que os R$ 53 bilhões citados em prejuízos no Estado são muito maiores,
“resultantes de uma economia invisível. Perdemos muito mais, recursos que somem
e que, lógico, fazem falta”. Infelizmente, agregou, tudo pode ser vendido no
Rio Grande, comunicando o fechamento recente de nove mil lojas, ocasionando 50
mil desempregados. Disse que é possível minimizar a situação, bastando colocar
em vigor a legislação já existente, como a lei 10.605, aprovada pela Câmara de
Vereadores em 2008, regulamentando em, 2011, o trabalho ambulante. “No governo
Fogaça, regulamos isso, no CPC, centro popular de compras, trazendo, outra vez,
a possibilidade de turismo no centro histórico, em especial a Praça 15. Agora,
tudo se repete”, lamentou, pregando mobilização permanente de todos os
envolvidos.
Já Paulo Kruse, na mesma linha, alertou que empresários já
anunciaram que deverão dispensar, num curto prazo, aqueles que forem
contratados emergencialmente para o período de Natal, e frisou: Todos sabemos
que acontecerão conflitos, uma vez que os comerciantes não suportarão a venda
de produtos nas calçadas em frente às suas lojas. Temos que exigir providências
das autoridades.
Na sequência, representantes de órgãos da segurança pública
falaram da sua visão quanto à questão colocada e as ações colocadas em prática
para coibir as irregularidades e problemas apontados. Neste sentido,
manifestaram-se o representante da Polícia Federal, André Martins Efigênio; o
delegado da Policia Civil do RS, Rodrigo Garcia; Carlos Ribeiro da Cruz, da
Polícia Rodoviária federal; major da BM Trajano Costa comandante do Batalhão da
Polícia Fazendária, e Kleber Roberto Semisse, secretário municipal da segurança
pública de Porto Alegre.
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